Itacaranha
É um bairro do subúrbio ferroviário da cidade de Salvador. O nome Itacaranha é de origem indígena (Tupi), sendo que Ita significa pedra e Ranha – peixe, ou seja, pedra que tem peixe. A localidade, denominada Itacaranha teve como primeiros habitantes os índios Tupinambás, em uma aldeia que foram expulsos ou exterminados de suas terras pelos colonizadores portugueses (PINTO, 2017). Durante a época da colonização no subúrbio ferroviário, foram construídos aldeamentos nas proximidades da cidade para povoar a terra e aproveitar os índios para o trabalho de extração de madeiras ou nos engenhos. Até 1970 a suburbana era formado por lugarejos, comunidades tradicionais de pescadores e veranistas que aproveitavam a pesca farta e as belezas das praias e enseadas banhadas pelas águas calmas da Baía de Todos os Santos.
Localização

O bairro surge quando a fazenda Praia
Grande foi sendo povoada e loteada. Seu surgimento e crescimento
populacional estão relacionados a construção da Estrada de Ferro, ou
seja, a linha de trem, da antiga Estrada de Ferro Bahia and San Francisco
Railway, inaugurada no ano de 1860, que contribuiu para que as pessoas
conhecessem melhor essa parte da cidade de Salvador que, nesse período, se
constituía em um ponto estratégico para os fluxos de saída e chegada de
mercadorias. Outro fator importante para o local foi a instalação da Fábrica de
Tecidos São Braz, em Plataforma no ano de 1875, que atraiu, entre o fim do
século 19 e início do século 20, vários trabalhadores surgindo assim uma vila operária.
(PINTO, 2017)
Características geográficas
- Rico em água mineral
- Possui várias fontes de águas cristalinas
- Já abrigou uma grande lagoa- Lagoa Dourada
- Possuía várias dunas que desapareceram com a implantação da estrada de ferro
- Região de Mata Atlântica
Curiosidades
Fonte de Itacaranha
De estilo barroco, a
fonte foi construída no final do século XVII e início do século XVIII(entre
1685 e 1729), supostamente pela família Brito, na época dona das terras de
Itacaranha. De águas cristalinas até os dias de hoje, a fonte abastecia toda a
fazenda e agregados que viviam na região e já foi registrada pelo IPAC
(Instituto de Patrimônio artístico e Cultural). Acredita-se que outras fontes
existiram, mas foram destruídas ao longo do processo de ocupação de terras e
inchaço urbano na orla da Baía de Todos os Santos.
A Lagoa Dourada
Reza a lenda que os portugueses ao desocuparem o
lugar, esconderam no fundo da lagoa um baú cheio de pedras preciosas preso a
uma corrente e quando voltaram para buscá-lo a corrente havia se partido por
conta do longo período debaixo d’água e o tesouro nunca mais foi encontrado. O
lago deixou de existir depois que inúmeros aterros cobriram a região para
acomodar a crescente ocupação do espaço, acredita-se que o tesouro ainda esteja
por lá.
Estação de trem de Itacaranha
O Sistema Ferroviário do Subúrbio de Salvador é administrado atualmente
pela empresa estatal
Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), sua única linha liga a Cidade Baixa ao Subúrbio da cidade. O trajeto total de
13,5 quilômetros, entre os terminais na Calçada e em Paripe,
é composto por dez estações, de ponta a ponta dentre elas a estação de
Itacaranha que fica depois da ponte de Plataforma.
Fonte:http://cipo.org.br/agendaculturaldosuburbio/category/itacaranha/
Fonte:http://historiadeitacaranha2014.blogspot.com/2014/11/itacaranha-nos-dias-de-hoje.html
Estação de Itacaranha em 1926. Fonte: http://leonardopmelo.blogspot.com/2011/11/um-pouco-da-historia-da-nossa-ferrovia.html
A rua Caquende
Com o processo de
urbanização do subúrbio ferroviário surgiu os bairros e consequentemente as
ruas que foram nomeadas de maneira espontânea. A rua Caquende nome de origem
indígena antes conhecida como rua Rio Caquende em virtude de um pequeno rio de
águas cristalinas que existia na localidade aterrado devido as construções
modernas. Constitui uma das dezenas de ruas do bairro de Itacaranha.
Depoimentos
Visando o melhor
entendimento do bairro foi realizada uma pesquisa de campo onde 2 moradores
foram entrevistados. De acordo com a pesquisa podemos constatar que o bairro de
classe media baixa é visto como uma grande comunidade familiar. Foram entrevistado os dois moradores mais antigos da localidade o senhor Jurandir 85 anos e a senhora Piquinita 92 anos (candomblecista) não foi permitido pela família gravação do diálogo.
Como era o bairro na
época em que a senhora começou a residir aqui?
Jurandir- O bairro não era assim todo iluminado e asfaltado. Era um matagal, cheio de lama e tinha um monte de tábuas que a gente utilizava para andar. Nessa rua só tinham três moradores. Meu pai comprou isso aqui através de um senhor que vendia os lotes aqui, o senhor Gervásio. Não tinha a avenida suburbana a gente utilizava o trem para ir ao centro.
Plataforma era mais movimentada por causa da fábrica de tecido, do porto da tainha e do surgimento da vila operária. Lá tinha uns armazéns que a gente comprava e troca as mercadorias, meu ia muito lá.
Pequenita- Quando eu cheguei aqui tinha poucos moradores. Escolhi esse lugar porque queria construir o meu terreiro, foi uma irmã de santo que me indicou esse lugar, irmã Jacira. Eu precisa de um lugar grande para construir a casa de santo e colocar as obrigações. As pessoas falavam muito mal dos terreiros, mas gostavam de frequentar. A minha casa ficava cheia, vinha gente de tudo quanto era lugar.
Os festejos eram realizados até a madrugada e não tinha reclamações, pois praticamente não existiam moradores. Com o passar do tempo que as pessoas começaram a chegar e a rua foi melhorando aqui era tudo mato.
Como se configurava a vizinhança nessa época?
Jurandir- A maioria dos moradores vinham do interior para trabalhar na fábrica ou tentar a vida na cidade grande. Vinha gente de tudo quanto era lugar. A maioria estava fugindo da seca do interior e não tinham profissão ficavam lá nas estações descarregando mercadorias que vinham dos trens de cargas. Era gente pobre que não tinha dinheiro para comprar casa no centro aí vinha pra cá. As mulheres vendiam cocadas, pamonha, mingau e bolinhos. Algumas colocavam cestos na cabeça e saiam para vender. Aqui tinha uma vizinha que lavava roupa de ganho para o povo branco e o pessoal da fábrica.
Pequenita- Era tudo gente simples que vinha do interior e não tinha condições de morar no centro. Na época você podia comprar o terreno e ficar pagando os pedacinhos se você tivesse um fiador. Meu marido trabalhava e junto com ele compramos esse terreno aqui. Tinha poucos vizinhos e a maioria não era daqui de Salvador.
A relação da
antiga Salvador com o subúrbio
Salvador
foi a primeira capital do país até o ano de 1763. Chamada na época de sua
fundação por “São Salvador da Bahia de Todos os Santos” teve uma grande
importância para a história do Brasil por sua força política, econômica e por
ser rota internacional no período das grandes navegações. No entanto, em
1530, Portugal passou a ser pressionado por outras nações que questionaram o
Tratado de Tordesilhas, acordo entre os países ibéricos que determinou a
divisão de territórios reconquistados ou descobertos.
Para
Portugal, portanto, era preciso ocupar a terra para não perdê- la, e implantou
o sistema de Capitanias Hereditárias, que dividia a faixa litorânea em lotes
horizontais. Cada capitania era entregue a um donatário, pessoa com recursos
para assumir o ônus do empreendimento. O donatário passou a ser obrigado a
desenvolver uma plantação baseada no latifúndio, monocultura, trabalho escravo
e produção para o mercado externo.
Neste período a Bahia era a região que mais exportava açúcar,
considerado na época o produto mais exportado do país. A fama e a riqueza da
província baiana, despertaram a cobiça de outros países no início do século 17.
A capitania da Bahia, foi doada a Francisco Pereira Coutinho, se estendia até o
grande rio de S. Francisco. Pereira Coutinho foi devorado numa festa
antropofágica, após ser imobilizado e executado por uma borduna (arma indígena
de ataque) empunhada por uma criança cujo irmão fora morto pelo donatário. Após
a sua morte sua terras foi dividia para povoamento e ponto de produção de
matéria prima para a coroa tendo entre eles o visconde Pereira Marinho, o
marinheiro português Antônio Oliveira Carvalhal, família Martins Catharino,
família Brito, família Almeida Brandão entre outros.
PEREIRA, Jeremias Pinto. Transformações
socioespaciais do bairro de Itacaranha a partir da abertura da AVENIDA Afrânio
Peixoto em Salvador- BA. Disponível em: http://ri.ucsal.br:8080/jspui/bitstream/prefix/363/1/DISSERTACAOJEREMIASPEREIRA.pdf.
Acesso em: 20 de maio de 2018.
http://leonardopmelo.blogspot.com/2011/11/um-pouco-da-historia-da-nossa-ferrovia.html
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=6&cod_polo=101http://cipo.org.br/agendaculturaldosuburbio/category/itacaranha/
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/historia-do-brasil/cana-de-acucar-inicia-colonizacao-do-brasil.htm
http://www.salvadorbahiabrasil.com/historia-salvador.htm
Abreu, Capistrano de.Capítulos de história colonial : 1500-1800 / J. Capistrano de Abreu. -- Brasília : Conselho Editorial do Senado Federal, 1998
LYRIO, Cristiana Ferreira. Ximenes Joaquim Pereira Marinho: perfil de um contrabandista de escravos na Bahia, 1828-1887. UFBA. Disponível em: https://ppgh.ufba.br/sites/ppgh.ufba.br/files/1999.pdf. Acesso em: 10 de maio de 2018.
É muito bom conhecermos a historia dos nossos bairros, temos muitas coisas boas para conhecer na nossa cidade.
ResponderExcluirGistei muito desse trabalho.
Bairro com riqueza de informações, pena que poucas pessoas se interessam em saber sobre a história de onde vivem, saber da raiz, aonde tudo começou, mas você arrebentou Maroca, trazendo de forma clara e de fácil entendimento sobre a história de Itacaranha. 🍸🍸
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho Jucimara. Realmente muito coisa sobre o bairro itacaranha eu desconhecia, principalmente sobre a Fonte e a Lagoa.
ResponderExcluirParabéns.
É muito bom conhecermos a de fato a nossas raiazes nossos bairros.
ResponderExcluirGostei muito, otimo trabalho.
Muito interessante o texto não conhecia Itacaranha . Através do texto temos uma ideia do bairro e vontade de conhecer.
ExcluirMuito interessante
Excluirum ótimo lugar
ResponderExcluirum ótimo lugar
ResponderExcluirLinda história!
ResponderExcluirParabéns Belo trabalho
ResponderExcluirMto bom conhecer a história do nosso bairro
Ótimo lugar
ResponderExcluirMais uma contribuição para o meu conhecimento
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirMuito bom conhecer um pouco da história do bairro de Itacaranha, ótimas informações e um excelente trabalho.
ResponderExcluirRealmente é um ótimo lugar e a história também
ResponderExcluirParabéns agora trabalho que a cada dia mais fique é conhecido por todas as histórias história a nossa raízes africanas e também a necessidade é conhecida por cidade de todos os santos candomblé faz parte da religião africana nós temos sangue africano e não devemos ter preconceito com ração nem cor porque todos somos iguais independente de religião
ResponderExcluirE gostei MT tem ter conhecido pouco mas da nossa terra viva itacaranha que significa itaca = pedra ranha=peixe origem desta palavra vem do índio pitunamba
Ficou prefeito
ResponderExcluirMassa d mais 👏👏👏
ResponderExcluirViva nosso subúrbio! Viva nossa gente! O que há de belo, deve ser valorado! Parabéns.
ResponderExcluirmuito bom
ResponderExcluirEsse bairro tem muita ligação com a história da Bahia e Brasil , que os livros didáticos da comunidade escolar baiana não tem. E´um absurdo esconder a história é matar o passado e legado do nosso povo.Viva o subúrbio Ferroviário de Salvador.
ResponderExcluirTrabalho maravilhoso, conta a história do bairro com riqueza de detalhes.
ResponderExcluirParabéns 👏 👏 👏 👏
Parabéns otima investigação , muito enriquecedora Mara quanta riqueza em nosso entorno sinto me incentivada a pesquisar também sobre o bairro onde resido Alto da Terezinha.
ResponderExcluirExcelente pesquisa, parabéns pelo trabalho. Atraves do seu blog pude conhecer a história do bairro de itacarenha e a importaimpo histórica que esse bairro tem para cidade de Salvador.
ResponderExcluirGostei muito do seu trabalho, pois traz a relevância histórica não só de Salvador, mas também do seu bairro, abordando fatos novos que particularmente nem sonha que existiam em Itacaranha, parabéns pelo trabalho muito bem feito.
ResponderExcluirficou excelente
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